Combinando dois potentes tipos de técnicas quantitativas – pontos de referência morfométricos e análises de paleocomunidades – podemos examinar o papel da ecologia nos processos evolutivos, determinando quais as maiores mudanças morfológicas que ocorreram em simultâneo com significativas mudanças na estrutura da paleocomunidade. Embora as modificações morfológicas induzidas da análise da morfometria de pontos de referência indiquem mudanças evolutivas dentro de uma linhagem, mudanças métricas da paleocomunidade, tais como a abundância e o predomínio, podem usar-se para indicar mudanças ecológicas e identificar espécies de interesse relevante.
Este estudo preliminar documenta mudanças ecológicas e morfológicas significativas em exemplares de “Pecten” thompsonii provenientes de dois horizontes estratigráficos próximos numa sequência do Neogénico marinho da Republica Dominicana. Ecologicamente, a abundância e o domínio destas espécies diferem substancialmente entre as duas amostragens. Morfométricamente, enquanto o tamanho não muda significativamente, as duas populações exibem formas morfológicas estatisticamente diferentes. Para além disto, parece existir uma mudança dos padrões ontogénicos que inicialmente seguem padrões alométricos e que depois mudam para uma relação de crescimento isométrico. Estas diferenças dos padrões morfológicos são consistentes com mudanças das condições paleoambientais. Sugere-se que uma dupla aproximação analítica de morfometria e paleocomunidade deverá focar-se em futuros estudos de intervalos e taxons, quando as mudanças evolucionárias poderão ser directamente correlacionadas com mudanças ecológicas concomitantes.
Palavras-chave: República Dominicana, bivalves, paleoecologia evolutiva, Neogénico
Tradução: Octávio Mateus (PhD) & Carlos Natário, Museu da Lourinhã & Universidade Nova de Lisboa, Rua João Luís de Moura, 2530-157 Lourinhã, Portugal